O feminino no mercado
A sociedade como a conhecemos hoje delegou as mulheres um papel secundário em muitos aspectos, inclusive no que tange a questões profissionais. As ideias de mercado, consumo, empregos e economia foram criadas por homens e para homens, não que as mulheres não quisessem participar, elas só não estavam convidadas a se sentarem à mesa dos negócios pelo fato de serem mulheres, fato esse que deveria significar menor capacidade de criar e gerir empresas, empregos e pessoas. Essa incapacidade já foi desmistificada pela ciência e hoje sabemos que mulheres e homens são igualmente capazes, porém, a desconstrução da fraqueza do feminino ainda encontra ecos, os quais justificam as diferenças de salário, oportunidade e respeito entre homens e mulheres no mercado de trabalho atual. Se você nunca se sentiu julgada por ser mulher no ambiente de trabalho (ou na vida) você definitivamente não está prestando a atenção. Sim, eu sei, você ficou revoltada ao ler a última frase, mas é a verdade, o tempo todo somos valoradas mais pela nossa beleza do que pela nossa capacidade, mais do que acham que é uma mulher do que pelo que você de fato é e pode agregar.
A busca pela emancipação não é nova, as pioneiras na resistência foram as chamadas bruxas, mulheres que não estavam dispostas a aceitar o papel a elas dado, outro grupo que também não aceitou que o papel do feminino fosse diminuído foi o das sufragistas, agradeça a elas o direito a votar (e, se possível, nas próximas eleições não use o direito conquistados a duras penas por mulheres, para eleger candidatos que acham que o estupro é uma forma de elogio ou de favor a mulheres). Atualmente, muitas mulheres têm defendido o papel da mulher no mercado, buscando políticas mais justas e equilibradas, com o objetivo de garantir igualdade de opinião e de oportunidades, elas, assim como as suas antecessoras, são taxadas de exageradas. Esse texto é para nos lembrar que não se trata de exagero e de que todas nós podemos fazer a nossa parte por um mercado mais justo com o feminino. Como?
Aceitando que ser mulher é força e não uma fraqueza. Entendendo que empatia, respeito, intuição, cuidado e tantas outras habilidades tidas como femininas não são fraqueza, muito pelo contrário, fazem parte do nosso diferencial. Defendendo a ideia de que ninguém é igual a ninguém, seja homem, mulher ou qualquer outra formo como a pessoa se identifique, todos somos únicos e realizamos nossos trabalhos de forma única, achar que existe um jeito certo e milhões de jeitos errados e nos fecharmos para a grandeza do que pode ser construído pela humanidade se todos tiverem voz e oportunidade de fala. Criar espaço para as mulheres no mercado é criar espaço para o feminino e para as possibilidades que existem além do que já temos hoje.
Eu sei, você nesse momento pensa em tudo o que poderia dar errado se você fosse você mesma, afinal, você aprendeu a temer a sua essência. Mas eu te digo, quanto mais de nós trouxermos o feminino para nossas carreiras, mais poderemos mostrar o quão incrível somos, mostraremos que o feminino não é frágil, ele é forte, é selvagem e é o que ele quiser ser. Trazendo um trecho do livro Mulheres que Correm com os Lobos, “Quando emergimos de volta do outro mundo depois de uma de nossas incursões por lá, por fora podemos parecer que não mudamos, mas por dentro reconquistamos um vasto território feminino e selvagem. Na superfície, ainda somos simpáticas, mas debaixo da pele decididamente não somos mais mansas”. Em outras palavras, mergulhe em você e se conecte ao seu feminino, aceite que você é incrível e que você não pode e nem deve aceitar ser menos do que você pode ser. Visitar a sua essência não é fácil mas valerá muito a pena. Já podemos votar, já podemos expor a nossa opinião (em tese), é hora de sentarmos a mesa de negociação de igual para igual. Assim como tudo que temos foi conquistado, não será diferente agora, conquistar nosso espaço no mercado é uma tarefa diária e de todas nós, é uma tarefa que inclui não só nos acolhermos, mas acolhermos umas às outras, nos apoiando, cuidando, indicando e validando.
Se você acredita em sermos unidas e fortes no mercado de trabalho, vamos juntas Fazer Dar Certo, Até Dar Certo.
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