Um novo ano para uma velha sociedade.
Vivemos em uma época confusa, por um lado pessoas cansadas clamam por melhores condições de vida, mais direitos, mais respeito e mais dignidade humana. Essa parte da população forma uma parcela da sociedade que acredita na igualdade de gêneros, luta em prol dos direitos civis e acredita em um amanhã melhor. Por outro lado, temos os coleguinhas que dizem que o holocausto não foi tão grave assim e que a ditadura, além de não ter sido um golpe, foi a melhor época para as pessoas de bem viverem e crescerem na vida.
Eu, faço parte da porcentagem que vive com medo do que está por vir, pois apesar de tudo o que já foi vivido, parece que pouco foi aprendido. E, de Freud a Eric Hobsbamw, estudiosos de diferentes áreas concordam que enquanto não aprendemos com a história, ela se repete.
Esses dias, assisti ao filme Amor e Revolução – com o mesmo nome da antiga novela do SBT, mas uma temática muito mais indigesta, o filme conta com as atuações da nossa eterna Hermione (Emma Watson) e do para sempre galã grunge Daniel Brühl. O filme retrata, de maneira suave, romântica e superficial, os horrores vividos pelos moradores da Colônia Dignidade, uma mistura de campo de concentração, parquinho de pedófilos, seita religiosa e espaço de tortura para os opositores do governo Pinochet. Logo depois, resolvi testar o meu estômago e assistir ao documentário sobre o Hospital Psiquiátrico de Barbacena, intitulado de “O holocausto brasileiro”.
Logo depois e sem nexo de causalidade direta, a não ser o fato de que não aprendemos nada de nada mesmo e vivemos presos a erros do passados, resolvi assistir ao jornal, momento em que pude:
- Escutar muito pouco sobre os ataques na Ucrânia, aparentemente as invasões alemãs do século passado não foram indícios de nada grave, por isso, estamos repetindo a dose com a Russia. Veja bem, não digo que exista uma solução fácil para essa situação, mas a dificuldade da solução não explica porque não nos importamos, continuamos focados em não prestar atenção ao outro, considerando sempre, e somente, o nosso lado e os nossos interesses – se fosse um furacão nos EUA, até prestaríamos atenção, afinal, temos passagem comprada para as férias em Orlando
- Saber que ainda existem pessoas pedindo pela anulação de eleições legitimas. Pessoal, eu não digo que A ou B me representa, mas, questionar o processo democrático, nunca será o caminho para mim, simples assim. Aqui falo com advogadas, precisamos lembrar que o Estado e o Direito existem para evitar o Estado de Natureza, que, por mais difícil que seja imaginar, é mais caótico que o mundo no qual vivemos. Já pensou só aceitarmos decisões que favoreçam aos nossos interesses ou voltarmos ao olho por olho e dente por dente? Conhecendo a capacidade destrutiva da humanidade, onde você acha que iríamos parar?
- Receber dados preocupantes sobre alguns membros do novo governo. Novamente, não é sobre A ou B, é sobre o que faremos para que os erros do passado não se repitam. Precisamos muito de um governo que aceite a terra ser redonda e não ache que mulheres devem ganhar menos por serem mulheres, mas não podemos aceitar que a corrupção siga por mais um governo. Para isso, não adianta gorar o atual presidente, mas fiscalizar a sua gestão. Não adianta virar a cara para parentes e amigos, mas ser honesta e fazer a sua parte.
Sabe o pior, a vida seguiu depois de tudo isso, como segue todos os dias. Seguimos não ligando, assim como não nos importamos com os mais de 5 MILHÕES de judeus mortos no holocausto, com os mais de 400 MIL mortos e/ou desaparecidos durante a Ditadura Militar (sim, aquela que não existiu), os mais de 60 MIL mortos da Colônia Dignidade ou dos 20 MIL mortos do Hospital Psiquiátrico de Barbacena.
Ao invés disso, seguimos esperando a próxima série, temendo as diferenças, ignorando o outro e sonhando com uma sociedade melhor que caia do céu. Espero que estejamos com sorte, pois esse mais do mesmo, não tem como dar certo, a não ser contando com um grande milagre. E, como não faz o meu tipo esperar por milagres, na duvida, eu já aprendi com os meus erros e também com os da história, agora é fazer a minha parte e ser a mudança que desejo.
Enviar Mensagem