Setembro Amarelo

Com o objetivo de falar abertamente sobre doenças e questões sociais, foram criadas campanhas nacionais de conscientização. Exemplos famosos são o agosto lilás (contra a violência doméstica), o outubro rosa (contra o câncer de mama) e o novembro azul (contra o câncer de próstata).
Em setembro, temos o setembro amarelo, com a campanha contra o suicídio. O texto de hoje busca ajudar nessa conscientização, falando sobre esse tema, que por ser tão indigesto, acaba por não ser debatido com a importância e a frequência que deveria. Não temos o intuito de esgotar o assunto, tratasse de um tema delicado e complexo, a nossa ideia é abordar ângulos diversos, mas que possam auxiliar na reflexão de cada leitor e que permitam quebrar os estigmas e preconceitos envolvidos na questão.
01) Dois grupos de pessoas.
Em primeiro lugar precisamos entender que, segundo estudos e pesquisas, temos dois grupos de pessoas que buscam essa saída, aquele composto por pessoas que querem de fato morrer e aquele composto por pessoas que querem sair de uma situação de dor e sofrimento, e que não sabem como o fazer, para esse grupo, o que chama a atenção não é a ideia da morte, mas a ideia de acabar com a situação que está sendo vivenciada. É comum, que pessoas que sobrevivam a tentativa de suicídio relatem que se arrependeram na hora do ato, ou ainda relatem que estão felizes que a tentativa tenha sido frustrada, por agora terem clareza de que não queriam a morte, mas somente uma solução para o que estava sendo vivido.
02) Não é sobre ser fraco, mas sobre estar desesperado.
Em nenhum caso, sob nenhuma hipótese, temos o direito de achar que a pessoa em questão está fazendo graça, ou querendo chamar a atenção. O suicídio não é sobre ser fraco, mas sobre estar desesperado.
03) Autoconhecimento e autoaceitação em uma sociedade que cobra alegria e felicidade.
Quem chega a esse extremo, na esmagadora maioria das vezes, já demonstrou muitos outros comportamentos de tristeza, desanimo, desilusão etc. São pessoas que podem não estar conseguindo se conectar consigo mesmas, de modo a não conseguirem encontrar os mecanismos necessários para melhorar. Em uma sociedade como a que vivemos, que cobra #felicidade e #gratidão o tempo todo, admitir que se tem um problema, sofrer publicamente por alguma frustração e falar abertamente sobre tudo isso quase é considerado crime. Isso faz com que muitos sofram em silêncio ou que nem ao menos saibam que estão sofrendo, a pessoa simplesmente se sente cansada o tempo todo, por exemplo. O que não quer dizer que o problema não estava lá o tempo todo, ele estava sim, crescendo e ganhando força. O processo de autoconhecimento é um caminho difícil, uma jornada assustadora para a qual precisamos de paciência e tolerância, nem todos estão preparados para se oferecer isso.
04) Doenças mentais e outros fatores.
Dados da OMS indicam que 90 % das pessoas que se mataram tinham alguma doença mental, isso não quer dizer que todo mundo que tem alguma doença mental irá praticar/tentar o suicídio, mas nos mostra que quadros clínicos dessa natureza servem para que uma luz vermelha seja acionada. Nesse contexto, a depressão ganha destaque estando presente em cerca de 30% dos casos. Fatores econômicos, sociais, culturais, religiosos e genéticos precisam ser levados em consideração, pois influenciam a ação do indivíduo e o modo como ele lida com o tema.
05) Suicídio no Direito Brasileiro.
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Infanticídio
06) Centro de Valorização da Vida (CVV).
Criado em 1962 na cidade de São Paulo, o Centro de Valorização da Vida logo se expandiu pelo país. O programa tem a intenção de propiciar um ambiente acolhedor e seguro para quem deseja conversar sobre os problemas que está enfrentando e sobre os meios de resolvê-los. A conversa pode ser por chat, ligação, e-mail e pessoalmente em algumas cidades.
O endereço para contato na internet é: https://www.cvv.org.br/
O número para ligação é 188.
07) A importância do diálogo.
Se você conhece alguém que pode estar passando por uma situação difícil, não deixe de conversar e demonstrar que se importa. O amor, o diálogo franco e o respeito são armas poderosas na prevenção do suicídio. A responsabilidade sobre o ato é somente de quem o pratica, mas a responsabilidade por acolher ao outro nas dificuldades do cotidiano, com gentileza e carinho é de todos nós.

Com carinho, empatia e com vontade de Fazer Dar Certo, Até Dar Certo para todos, deixo aqui meus votos de que possamos falar cada vez mais desse tema, com serenidade, respeito, responsabilidade e sensibilidade, não somente em setembro, mas ao longo de todo o ano.



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